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NOTÍCIAS DO SETOR

08/01/2014

Alta performance

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Há muitos anos trabalhei em uma empresa automobilística, no ABC paulista, supervisionando a equipe responsável pela qualidade de um dos modelos ali produzidos. Percorria os vários setores, para conhecer de perto o que fazia cada inspetor de qualidade, quando vi um operário examinando uma chapa que tinha um pequeno furo redondo. Cheguei perto dele e perguntei-lhe qual era seu trabalho:

"Controlo esse buraco", disse ele. 

Perguntei para quê aquele controle, e ele respondeu: "Não pode ter nenhuma rebarba no corte".

"E para que serve?", completei a pergunta. 

Ele disse que não sabia, e saí dali imaginando a frustração daquele profissional quando, em casa, seu filho perguntasse:

"O que o senhor faz lá, papai?"

"Controlo um buraco." Era só o que ele teria a dizer. 

No dia seguinte convidei aquele operário para visitar a montagem final, que ficava em outra parte da fábrica, a mais de mil metros dali. Achei que assim ele poderia ver o motivo daquele buraco. Ele então ficou sabendo que por aquele orifício passava a fiação do farol e que, se houvesse alguma rebarba na chapa, isso provocaria focos de ferrugem que poderiam interferir, a médio prazo, no funcionamento da luz do veículo. 

A expressão dele ficou diferente a partir daquele dia. Aquele homem não controlava um simples buraco: seu trabalho era importante para a segurança do automóvel, pois zelava pelo bom estado dos faróis. 

Assim acontece com muita gente, que trabalha anos a fio sem saber a real importância do trabalho. À medida que evoluem os processos tecnológicos, torna-se ainda mais importante a atenção das empresas para situações simples como esta. É necessário criar mecanismos para que as pessoas possam sentir como é importante o trabalho que cada um desempenha, desde as tarefas rudimentares até as mais complexas. 

Isso não se resolve com palavras bonitas nos house-organs nem com medidas paternalistas, e não é uma questão de ser "bonzinho" com os empregados. Trata-se simplesmente de reconhecer a importância do capital humano para a organização. Esse reconhecimento é conseqüência de uma mudança histórica: a força dos músculos vai sendo progressivamente substituída pela inteligência, no processo de criação de riqueza. E mesmo nos trabalhos braçais ocorre a valorização da mente, da criatividade e do know-how, já que a tecnologia absorve as tarefas mais pesadas ou repetitivas mas o cuidado humano continua imprescindível. A manufatura dá lugar à "mentefatura". 

Hoje sou consultor e conferencista, faço duzentas palestras por ano em todas as regiões do País, mas nunca me esqueço daquele operário que controlava um buraco na chapa de aço. Ao invés de idéias prontas, o que mais as empresas precisam promover é o comprometimento e incentivar a criatividade dos seus integrantes, e isso passa pela valorização do talento de cada um. O conhecimento técnico, por melhor que seja, será incompleto se não tiver a participação do pessoal que põe as mãos na massa. Geralmente, aquele que executa o trabalho é quem mais sabe sobre ele, e percebe melhor do que ninguém a melhor maneira de aprimorá-lo.

Prof. Gretz – conferencista, administrador de empresas, historiador e professor, autor dos livros “Voando como a Águia”, “Motivação”, “A Força do Entusiasmo” e vários outros.